quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Os primeiros sinais de uma campanha derrotada


Site Política para Políticos

Quando a campanha eleitoral já está em pleno andamento é fácil perceber se ela está indo bem ou mal. Os sinais são visíveis e auto-evidentes. O mais eloquente deles é a queda ou incapacidade de crescer nas pesquisas de intenção de voto. Nessa fase, algumas vezes não é mais possível evitar o desastre eleitoral porque, para reverter o quadro, será necessário vencer um desafio enorme: revisar a estratégia, a publicidade, a imagem e o comportamento do candidato em meio ao combate eleitoral e a uma batalha ainda mais intensa: a que se dá dentro da equipe de campanha.

Além disso, mudar de rumo com a campanha em andamento é uma questão muito delicada porque o eleitor pode não entender ou aceitar a mudança. Afinal, o candidato já se posicionou na campanha, falou, comprometeu-se e propôs sua imagem, o que torna qualquer mudança muito vulnerável à crítica, pela falta de consistência, credibilidade e seriedade. O que não significa que não se possa fazer uma mudança nos rumos da campanha com sucesso. O que importa assinalar é que se trata, então, de uma "cirurgia" delicada e de alto risco.

Portanto, é de fundamental importância começar bem. E, acima de tudo, evitar começar mal. No início da campanha é bem mais difícil identificar os sinais negativos. Nessa fase, como regra, tende-se a dar maior importância aos aspectos favoráveis. Com muita facilidade contabiliza-se como certos os apoios prometidos e tem-se a ilusória impressão de que haverá tempo suficiente para conquistar tudo o que, no momento, está em falta. Pois é aí que o candidato deve ter a sensibilidade de perceber os primeiros sinais de que a campanha não está indo bem, a fim de poder corrigi-los imediatamente.

Os primeiros sinais

Falta de recursos: Não é necessário começar com todos recursos necessários para toda a campanha. É fundamental, entretanto, dar a partida com uma provisão satisfatória para bancar as despesas indispensáveis de início (sede, veículos, equipamentos, pessoal mínimo, pesquisa, comunicação, despesas com deslocamentos, impressão de material, e outras). São esses recursos básicos que permitem à campanha tomar forma, definindo o posicionamento da candidatura. Sem eles, a candidatura "patina" no amadorismo e na colaboração voluntária, perdendo um tempo precioso e irrecuperável.

Tais recursos bastam para começar, mas para começar. Com eles, pode-se montar uma estrutura minimamente satisfatória para as providências iniciais nas áreas de pesquisa, estratégia, organização interna e, principalmente, para o planejamento das ações de captação de recursos. O sucesso na captação de recursos é talvez o mais forte indicador da competência do candidato e da sua viabilidade eleitoral.

O teste das 25 palavras: Está relacionado à capacidade de dar uma resposta competente à seguinte pergunta:

Quem vai votar em você e por quê?
Se o candidato não for capaz de responder esta pergunta de maneira convincente e persuasiva em 25 palavras, ainda não há campanha. Há que se oferecer ao eleitor razões fortes para merecer o seu voto. Assim, a resposta é a mensagem da candidatura, a razão maior pela qual o candidato deve ser votado. Ela precisa, pois, ser clara, concisa e convincente, ser facilmente entendida pelo eleitor e retida na memória tanto quanto a identidade do candidato - aquilo que o diferencia dos demais.

Excesso de reuniões: Na fase inicial da campanha as reuniões são frequentes. E é normal que sejam assim, pois cumprem a função de deliberar, tornar as pessoas conhecidas e formar uma equipe. O problema é quando as reuniões se sucedem e o trabalho não aparece. Há muito que fazer no início da campanha e o tempo, embora não pareça escasso no começo, sempre será inferior às necessidades. Passadas as reuniões iniciais e delineada a organização básica - mediante a qual as responsabilidades já podem ser atribuídas - o trabalho deve começar a aparecer, a ponto de os responsáveis pelos setores reclamarem que as reuniões prejudicam as atividades.

As reuniões continuarão sendo necessárias e importantes, desde que não se limitem a discussões, confrontos e deliberações e incorporem à agenda, necessariamente, o relato do que foi realizado e a discussão do que deve ser corrigido e aperfeiçoado, bem como a deliberação sobre o que é urgente fazer. Os consultores políticos norte-americanos James Carville e Paul Begala forjaram uma expressão muito apropriada para tal situação, bastante apropriada para encerrarmos esta coluna:
"Quem sabe, faz. Quem não sabe, se reúne."

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