segunda-feira, 2 de abril de 2012

O ESPETÁCULO DA MORTE E A MORTE SEM ESPETÁCULO

Contribuição de Aragão Castro

1º)   O ESPETÁCULO DA MORTE
2ª)   A  MORTE  SEM  ESPETÁCULO
Vem do centro financeiro e da capital do império, dragão ferido de morte no coração da riqueza e do poder.
Esconde-se nos porões da humanidade, nas favelas, cortiços e periferias da América Latina (ou seria latrina?); no abandono a que são condenados os povos da África; nos amontoados urbanos e na zona rural da Ásia e até nos bolsões de miséria dos países ricos.

Faz sucumbir em questão de minutos alguns milhares de vítimas perplexas e inocentes.
Lenta, mas irreversível, condena à exclusão social, à ruína e ao falecimento precoce, milhões e milhões de pessoas; elas também são vítimas inocentes.

Tal qual uma bomba estrondosa, explode e escreve na história o nome de numerosos mártires.
Bomba silenciosa e invisível, implode a vida de tantos seres sem rosto e sem nome, que jamais terão sequer a glória do martírio.

Feito de imagens inéditas e sensacionais, em que se destacam fogo e fumaça, movimento e comoção.
É vista como processo natural, ainda que marcado pela fome, a doença e a inanição.

Ganha amplo destaque na mídia, com fotos, reportagens, entrevistas, choro e declarações, e com direito a manchetes de página inteira e caderno especial.
Fica para sempre sepultada no desconhecimento, aparecendo, quando muito, em notas de rodapé, no mais é o silêncio, a indiferença e a omissão.

Ganha logo réu, juiz, advogado e tribunal, onde inimigos e amigos preparam o julgamento e a punição.
Além de alastrar-se cada vez mais, cai imediatamente na impunidade e no esquecimento.

Revela que todo “império” tem telhado de vidro.
Indica a necessidade de buscar para a civilização caminhos novos e alternativos, de justiça e solidariedade.

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